24/02/2022

Uso de luz LED violeta aumenta eficiência do clareamento dental com gel

Luz permite que gel fique menos tempo em contato com os dentes, sem alterar resultado do clareamento e reduzindo a sensibilidade dos pacientes


 



Com a técnica híbrida de clareamento, usando luz LED violeta, o gel é aplicado sobre o dente por apenas 15 minutos, ou seja, metade do tempo convencional, mas com o mesmo resultado; os pacientes submetidos ao método relataram menos sensibilidade nos dentes que o grupo convencional, que fez o clareamento apenas com a aplicação de gel, sem uso de luz – Foto: Freepik/Divulgação

 


O uso de luz LED violeta aumenta a eficiência do clareamento dental com gel realizado pelos dentistas, aponta pesquisa da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. De acordo com o estudo, feito em laboratório e também com pacientes, a luz permite que o gel fique menos tempo em contato com os dentes, sem alterar o resultado do clareamento e reduzindo a sensibilidade dos pacientes. Os resultados são apresentados em artigo da revista científica Photodiagnosis and Photodynamic Therapy, publicado na internet no último dia 3 de fevereiro.


“O objetivo da pesquisa foi testar de maneira laboratorial, ou seja, in vitro, e em seguida de maneira clínica, isto é, in vivo, os efeitos da luz LED violeta no clareamento dental de consultório. Normalmente, para fazer o clareamento é aplicado gel de peróxido de hidrogênio a 37% sobre os dentes por cerca de 30 a 45 minutos”, relata o dentista Bruno Bachiega, um dos autores do artigo.




“No interior dos dentes existe um tecido vivo, inervado e vascularizado, chamado de pulpa, que, assim como o restante do corpo humano, tem uma temperatura normal, cerca de 36 graus Celsius (oC). Os lasers utilizados antigamente no clareamento causavam muito aquecimento do dente e, consequentemente, da temperatura intrapulpar, ou seja, no interior da pulpa”, afirma Bachiega ao Jornal da USP. “Aumentar excessivamente a temperatura intrapulpar é como uma pessoa com muita febre, descontrolada, sendo necessário, nesse caso, um tratamento de canal.”




Além dos testes em laboratório, a técnica foi aplicada em 120 pacientes, dos quais 60 foram analisados para o estudo. “Em laboratório, foi avaliada variação de temperatura intrapulpar, microdureza, resistência à adesão e alteração de cor com a luz LED isolada e associada a diferentes protocolos”, descreve Bachiega. “Clinicamente, foi avaliada a alteração de cor com os protocolos que tiveram melhores resultados in vitro e a sensibilidade relatada pelo paciente.”


MENOR TEMPERATURA, MENOS SENSIBILIDADE


Segundo o dentista, o estudo em laboratório descobriu que, graças ao mecanismo de acionamento da luz, a variação de temperatura não ultrapassa 1,5oC, sendo segura. “Sobre microdureza e resistência à adesão do gel não encontramos diferenças estatisticamente significativas”, aponta. “No caso da alteração de cor in vitro, os protocolos associando gel e luz LED violeta foram estatisticamente semelhantes ao protocolo convencional sem luz.”


No estudo clínico, verificaram-se os mesmos resultados sobre variação de temperatura, resistência a adesão e cor do gel obtidos em laboratório. “No entanto, os pacientes submetidos ao protocolo com luz LED violeta relataram menos sensibilidade que o grupo convencional, que fez o clareamento sem uso de luz”, destaca Bachiega. “A única desvantagem de usar apenas o gel é a sensibilidade. Com a técnica híbrida, usando luz LED violeta, aplicamos o gel sobre o dente por apenas 15 minutos, ou seja, metade do tempo convencional, mas com o mesmo resultado. Isso pode ser um dos motivos para os pacientes relatarem menor sensibilidade, mas para comprovar essa hipótese necessitamos de mais estudos.”


De acordo com o pesquisador, o LED violeta ainda é muito caro e a técnica de clareamento convencional é muito barata. “Apesar de já estar no mercado, o método ainda precisa ser mais estudado e testado clinicamente, a fim de obtermos mais base científica para indicá-lo”, finaliza.


As conclusões da pesquisa clínica são descritas em artigo da revista científica Photodiagnosis and Photodynamic Therapy, que tem como primeiro autor o professor Eric Mayer, da FO, que testou o método em seu trabalho de doutorado. A pesquisa teve a participação da professora Patricia Moreira de Freitas e da pesquisadora Caroline Twischor.


Mais informações: e-mail bachiega@usp.br, com Bruno Bachiega


Notícia retirada do Jornal da USP

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