Pesquisa no HC indica bons resultados na recuperação do olfato pós-covid
Deusdedit Brandão Neto detalha dados de 655 pacientes que apontam que menos de 5% dos pacientes acompanhados permanecem com perda do olfato
Dos males causados pela covid-19, a perda do olfato é um dos sintomas que muitas pessoas sentem logo de início, quando acometidos pelo vírus. No entanto, algo que parecia simples, pode ter mais complicações do que o esperado. Uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo, que reuniu dados sobre pacientes que sofreram com esse mal, tem intenção de mostrar quantos pacientes com covid-19 apresentaram algum tipo de anormalidade.
“Nós desenvolvemos esse projeto de pesquisa na tentativa de identificar a quantidade de pacientes que tinham a covid-19 e que de fato apresentavam essas alterações (no olfato)”, comenta Deusdedit Brandão Neto, médico otorrinolaringologista e pesquisador do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, que acompanha o estudo, em entrevista ao Jornal da USP no Ar. A pesquisa também serviu para verificar se esse sintoma era de fato frequente e como se dava a recuperação dos pacientes.
De acordo com o especialista, a partir dessa iniciativa, o estudo derivou outros braços de pesquisa, partindo do aspecto epidemiológico para assuntos relacionados ao tratamento, associações, fatores de risco, entre outras linhas. Com dados preliminares de 655 pacientes, entre internados no HC e aqueles que responderam um questionário através de uma chamada on-line, um valor de 82% de alteração no olfato pôde ser observado nos pacientes participantes, além de 76% de alteração no paladar.
Brandão Neto cita que o padrão de recuperação relatado pelos pacientes mostrou resultados positivos, com 53% apresentando recuperação total do olfato e 44,5% com uma recuperação parcial deste sentido, ou seja, menos de 5% dos pacientes consultados permanecem com perda do olfato no período de pesquisa analisado (dois meses e meio). O médico lembra que o período de recuperação de perdas pós-virais podem durar de dois a oito meses, indicando que qualquer análise definitiva neste momento seria algo prematuro, principalmente quando a questão de perda permanente do olfato é considerada.
Como último recado, o médico reforça que, caso ocorra perda de olfato repentinamente, o indivíduo deve considerar a possibilidade de estar com a covid-19, pois este sintoma está sendo mais prevalente do que sintomas pulmonares e até mesmo a febre.
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Noticia retirada do site do Jornal da USP