16/04/2022

Novo índice criado na USP para avaliar a qualidade da dieta inclui alimentos ultraprocessados

Ferramenta, desenvolvida com base nas recomendações da American Heart Association, foi testada em 14 mil brasileiros. Resultados foram divulgados na revista Frontiers in Nutrition (imagem: Daniel Reche/Pixabay)

Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) desenvolveram um novo índice para avaliar a qualidade da dieta da população brasileira com base nas recomendações de alimentação saudável propostas pela American Heart Association (AHA), entidade norte-americana que financia pesquisas na área de cardiologia e estabelece diretrizes voltadas à prevenção e ao tratamento de doenças cardiovasculares. O trabalho foi publicado na revista científica Frontiers in Nutrition.


“Este é o primeiro índice de qualidade da dieta que considera recomendações de uma dieta saudável para saúde cardiovascular e que inclui ultraprocessados em sua métrica”, explica Leandro Cacau, que criou a ferramenta durante seu doutorado, realizado com apoio da FAPESP no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Nutrição em Saúde Pública da FSP-USP. O estudo foi orientado pela professora do Departamento de Nutrição Dirce Maria Lobo Marchioni.


O novo índice consiste em 11 grupos de alimentos, dos quais possuem efeitos benéficos na saúde cardiovascular: frutas, vegetais, peixes e frutos do mar, cereais integrais, leguminosas (feijão), nozes e castanhas, além de laticínios. Ao passo que carne vermelha, bebidas açucaradas, carne processada e ultraprocessados devem ser evitados ou terem consumo reduzido.


“A inclusão de ultraprocessados no índice vai ao encontro do último relatório da AHA, que reconheceu o papel desses alimentos no risco de doenças cardiovasculares”, acrescenta o pesquisador.


O índice foi aplicado em mais de 14 mil brasileiros participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Os resultados demonstraram que os indivíduos atingem cerca de 38% das recomendações dietéticas para saúde cardiovascular.


“As mulheres, os idosos, os não fumantes e os praticantes de atividade física possuem maiores pontuações no índice, indicando que possuem maior adesão às recomendações propostas para saúde cardiovascular, em linha com o que é recomendado pela entidade norte-americana. Além disso, o índice proposto foi associado com maior qualidade global da dieta avaliada por outro indicador, o que evidencia a validade do índice desenvolvido”, explica o autor.


Segundo Cacau, "um índice de avaliação da dieta funciona como um instrumento capaz de indicar se a população está seguindo determinadas recomendações dietéticas”, explica. “Neste caso, os resultados poderão sinalizar se a população está atingindo as recomendações de uma dieta saudável para a saúde cardiovascular. É um tema importante, já que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em âmbito global”, acrescenta.


Espera-se que o índice possa ser aplicado por outros pesquisadores e que ele seja utilizado em estudos que relacionem a dieta com desfechos de saúde, especialmente com hipertensão, diabetes e obesidade, fatores determinantes de doenças cardiovasculares.


A AHA publica anualmente um relatório sobre a situação mundial em relação às doenças cardiovasculares, incluindo os números prevalentes e incidentes, bem como seus meios de prevenção. O relatório orienta a adoção de hábitos de vida saudáveis, incluindo uma dieta rica em frutas, verduras, leguminosas, peixes, nozes e castanhas, enquanto moderada em bebidas açucaradas, gordura saturada e sódio, como fator de prevenção e controle de doenças cardiovasculares.


A pesquisa contou com a colaboração de cientistas do Hospital do Coração de São Paulo, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.


O artigo The AHA Recommendations for a Healthy Diet and Ultra-Processed Foods: Building a New Diet Quality Index pode ser lido aqui


Com informações da Assessoria de Imprensa da FSP-USP.

Notícia retirada do site da Agência FAPESP

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