Neuropatias diabéticas podem ser tratadas ou prevenidas com fisioterapia
Segundo Isabel Sacco, os exercícios vão preservar a saúde dos músculos, manter a função e evitar ferimentos, além de tratar dor e sensibilidade
O Laboratório de Biomecânica e Postura Humana da Faculdade de Medicina da USP desenvolve pesquisa clínica para tratamento de neuropatias diabéticas. O objetivo é utilizar exercícios fisioterápicos para beneficiar pacientes acometidos pela doença e que sentem os sintomas, principalmente, nos pés e tornozelos. Segundo especialista, as neuropatias acometem cerca de 50% das pessoas diabéticas por volta de dez anos após o diagnóstico. O estudo é gratuito e abrange a faixa etária dos 18 aos 70 anos.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Isabel Sacco, do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Fofito) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), explica que as neuropatias diabéticas decorrem da flutuação de glicemia no sangue, ou seja, da oscilação da taxa de açúcar, e prejudica os nervos, geralmente nas extremidades, como pés e mãos. A deterioração dos nervos causa a perda de estímulos táteis, térmicos, causa formigamento, queimação, agulhadas e incômodo. Os pés perdem força e podem, inclusive, apresentar deformações e, “quando dorme, quem tem neuropatia começa a sentir muito calor à noite, não consegue deixar os pés cobertos. Então, se você sente tudo isso, desconfie que pode ter essa neuropatia”.
Antes do estudo, o tratamento mais comum para a neuropatia na região dos pés era a recomendação de uso de calçado especializado para evitar que o pé sofresse algum ferimento. O diabete afeta o processo de cicatrização, portanto, a preocupação primordial é evitar qualquer tipo de úlcera, porque a dificuldade no tratamento da ferida pode levar à amputação. Ao todo o pé tem 25 músculos, 33 articulações e 108 ligamentos. E, dentro de um calçado rígido, o membro pode atrofiar e perder a flexibilidade. Pensando nisso, os pesquisadores viram na fisioterapia uma forma de prevenir a neuropatia, mas também tratar os sintomas. “Os exercícios vão fazer o papel de preservar a saúde desses músculos, dessas articulações, e manter a função, mesmo que a pessoa tenha perda de sensibilidade. No início da doença, é possível prevenir esses tipos de lesões e manter a saúde dos pés”, afirma Isabel.
O projeto atende pessoas diabéticas entre 18 e 70 anos. Os pacientes passam por avaliação completa, são diagnosticados e, se confirmada a neuropatia, são convidados a participar do ensaio clínico. São sorteados para remanejo em dois grupos: os que receberão tratamento e os que não receberão na primeira fase. O grupo a ser tratado terá acompanhamento por oito ou 12 semanas com fisioterapeuta e uma tecnologia de habilitação, que pode ser uma cartilha com orientações ou um software, caso a pessoa tenha acesso a internet. Depois do acompanhamento, a equipe avalia como foi o progresso do tratamento. Para participar, basta entrar em contato pelo e-mail foca.rct@gmail.com ou pelos telefones (11) 98287-9811 ou (11) 98549-2016.
Ouça a entrevista abaixo
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Noticia retirada do site do Jornal da USP