29/10/2021

Evolução do processo anestésico marca trajetória de eficácia

Gabriela Rocha Lauretti lembra que bebidas alcoolicas, éter e plantas já serviram como anestésicos em procedimentos cirúrgicos


 


Existem situações e procedimentos médicos em que a anestesia se faz necessária. No passado, sua aplicação era bem diferente da que conhecemos hoje em dia, em que se apresenta de forma inalatória ou venosa. A primeira pessoa a usar o termo anestesia foi Anazarba, um médico grego, em torno de 80 a 90 anos DC. “Ele servia ao exército romano de Tibério e Nero e escreveu um manuscrito ensinando a usar ópio, mandrágora e vinho”, lembra Gabriela Rocha Lauretti, professora do Departamento de Ortopedia e Anestesiologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. O óxido nitroso, também conhecido como gás hilariante, foi utilizado pelo dentista Horace Wells, em 1844. “A evolução da anestesia correu muito rápido, junto com a evolução industrial”, lembra a professora.


 



A evolução da anestesia correu muito rápido, junto com a evolução industrial, chegando hoje à anestesia multimodal Foto: André Boro, HRAC-USP (2019)

 


No Brasil, a primeira anestesia geral foi realizada em um hospital militar do Rio de Janeiro, em 1847, pelo doutor Haddock Lobo. Na época, foi utilizada uma anestesia chamada de unimodal, o éter. O produto era inalado e causava um relaxamento muscular, analgesia e hipnose para realização do procedimento cirúrgico.


O surgimento e o uso da anestesia venosa estão diretamente relacionados à criação da seringa e da agulha para sua aplicação, por volta de 1600, pelo matemático e físico Blaise Pascal. A cocaína foi o primeiro fármaco usado como anestésico, chamado de “droga mágica”. Ela fez o maior sucesso na década de 1880. Freud usava cocaína para tratar depressão, impotência sexual e muito mais. Mais tarde, o oftalmologista Karl Koller, em 1884, observou que, ao colocar a cocaína diretamente na vista do paciente, ela funcionava como um eficiente anestésico local.


No entanto, foi verificado que ela causava muitos efeitos colaterais, como a dependência e a síndrome de abstinência. A partir daí, as indústrias buscaram outras formas de anestésicos, evoluindo para a anestesia multimodal, em que há um agente específico para cada função, como os hipnóticos, endovenosos, opioides, antiinflamatórios e muitos outros tipos, que se prestam a várias combinações para conseguir o resultado mais efetivo para cada tipo de cirurgia.


Ouça a entrevista completa  clicando aqui


Notícia retirada do site do Jornal da USP

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