11/03/2022

Crescimento no número de casos de diálise e transplante no País demanda atenção

Para Hugo Abensur, é fundamental levar uma vida saudável e estar atento às pequenas demonstrações de sintomas de doença renal


 



O paciente só entra em diálise quando perde 90% da função renal – Foto: Visual Hunt / Divulgação

 


O aumento dos casos de diálise e a necessidade de tratamento para a doença renal crônica preocupam. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição, o especialista Hugo Abensur, chefe do Serviço de Diálise do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, discorre sobre o assunto no Dia Mundial do Rim.


Existe uma ampliação do número de pacientes em diálise nos últimos anos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o Brasil registra aproximadamente 140 mil pacientes em tratamento. O Hospital das Clínicas de São Paulo possui 150 pacientes que dependem da terapia para viver.


“O número vem crescendo, porque as duas principais causas que levam à doença renal crônica — diabete e hipertensão arterial— são duas condições muito comuns, principalmente agora que está havendo um envelhecimento da população e também a população ficando mais obesa. Então, aumentando o número de diabéticos e hipertensos, se eles não são adequadamente tratados, uma das complicações dessas condições é a doença renal crônica”, atesta Abensur.


EVOLUÇÃO LENTA


A doença renal crônica tem uma evolução lenta, de acordo com o médico: “Os pacientes vão se adaptando à perda de várias funções que o rim exerce e não percebem isso e, às vezes, o diagnóstico é feito tardiamente. O paciente só entra em diálise quando ele perde 90% da função renal, então esse caminho entre 100% e 10% da função renal é lento e às vezes o paciente não percebe que ele está ficando um pouco mais pálido, porque o rim produz um hormônio que ativa a medula e impede que o paciente fique anêmico, ele não percebe que começa a ficar hipertenso porque não foi no médico medir a pressão, que a urina está mais espumante. Tudo que vai acontecendo lentamente ele acha que é normal.”


A identificação da doença é um fator imprescindível para que o tratamento seja feito o mais rápido possível. “É bem fácil saber se o indivíduo tem algum problema renal”, comenta Abensur, que explica melhor: “Basta dosar uma substância chamada creatinina no sangue. A creatinina é produzida no músculo e o rim tem que limpar do sangue, se o indivíduo vai perdendo a função renal, o nível de creatinina vai aumentando no sangue; o normal é em torno de um miligrama por decilitro, mas aí ele vai para um e meio, para dois, para três miligramas, quando chega em torno de cinco mg por dl, corresponde a uma perda de 90% da função renal, aí há a necessidade de iniciar a diálise. Um outro exame importante é o exame de urina, normalmente a gente não perde proteína na urina, o aparecimento de proteína na urina indica que está tendo perda de condição renal, são dois exames simples.”


Existem aproximadamente 30 mil pacientes em lista de espera para o transplante no Brasil, mas o País faz em torno de cinco mil por ano. A lista normalmente é demorada por conta da compatibilidade com o doador, e para que a população evite passar por essas complicações, Abensur indica: “O importante é a gente ter uma vida sadia, para não ficar hipertenso ou diabético; uma vez estando hipertenso ou diabético, tem que cuidar muito bem dessas condições. Tem que estar cuidando da saúde”.


Ouça a entrevista completa aqui


Noticia retirada do site do Jornal da USP

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