Cirurgia combinada para tratar doença do buraco macular e catarata recebe aprovação científica
Primeiro estudo prospectivo do mundo, realizado na USP em Ribeirão Preto, confirmou eficácia da técnica. Entre as vantagens está a redução de custos para o SUS e a diminuição do sofrimento do paciente
A doença conhecida por buraco na mácula — região central da retina responsável pela nitidez da visão — recebeu aprovação científica para tratamento combinado com outra cirurgia, a de catarata. Os resultados são de estudo realizado por pesquisadores do campus de Ribeirão Preto da USP que acompanhou 65 pessoas com o problema.
As vantagens do procedimento único, combinando as duas técnicas, é comemorada pela equipe da USP por se tratar do primeiro estudo prospectivo realizado no mundo para estes casos e também por ser importante, principalmente, para o Sistema Único de Saúde (SUS) poder oferecer um tratamento seguro, economizando tanto no custo direto, quanto indireto da cirurgia.
O pesquisador Rodrigo Jorge, coordenador da equipe responsável e professor de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, conta que, apesar do nome soar estranho, a doença do buraco macular não é tão raro e se caracteriza pelo desenvolvimento de um buraco no centro da retina, que fica no fundo do olho, levando à perda visual.
A doença afeta pessoas mais maduras, mas que ainda não desenvolveram catarata. Porém, como o efeito colateral da cirurgia de fundo de olho para correção do buraco macular é justamente a catarata, especialistas já vinham recomendando a realização dos dois procedimentos ao mesmo tempo: cirurgia do fundo do olho para o buraco de mácula com a de retirada do cristalino e implante de lente para a catarata.
O tempo entre a cirurgia para a mácula e o aparecimento da catarata é de apenas alguns meses, afirma o professor. Ele garante que a cirurgia combinada de fundo de olho com a de catarata é bastante eficaz, reduzindo o trabalho e o sofrimento do paciente. Assim, para confirmar a validade científica do procedimento, a equipe comparou as duas técnicas, operando e acompanhando dois grupos de pacientes. Um, com 33 pessoas tratadas com a cirurgia combinada; e outro, com 32 pessoas que se submeteram à cirurgia posterior de catarata.
Entre os resultados, o estudo verificou que quase todos os indivíduos que fizeram apenas a cirurgia de correção da mácula desenvolveram catarata, com exceção de apenas cinco deles. Comparativamente, os submetidos à cirurgia combinada obtiveram uma “melhora de acuidade visual semelhante aos que fizeram cirurgia sequencial”, conta o professor.
Ouça abaixo, na íntegra, a entrevista do professor Rodrigo Jorge ao Jornal da USP no Ar, Edição Regional.
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Noticia retirada do site do Jornal da USP